Este período de quarentena imposto a quase o Brasil inteiro
por parte das autoridades, em virtude do Covid-19 – Coronavírus, criou um
ambiente interessante, para não dizer estranho na igreja brasileira de um modo
geral. Deste tempo, sairemos com excelentes lições e tremendos resultados, mas,
igualmente, algumas coisas entraram, me parece, nos devidos lugares.
Positivamente considerado, este vírus fez com que a igreja
brasileira – estou me referindo somente a ela – acordasse para as redes
sociais, e aqueles mais resistentes, perceberam a inevitabilidade e a
irreversibilidade da internet na vida das pessoas, e, ao mesmo tempo,
compreendessem a necessidade de aprender a se comunicar num novo ambiente e para
uma geração que vive conectada diariamente. As igrejas que já usavam as redes e
se anteciparam a este tempo, estão com uma vantagem estratégica e pioneira nesta
plataforma.
Desta experiência inesperada, também sairemos, como igreja e
corpo de Cristo, com muito mais ferramentas criativas na comunicação da
mensagem do Evangelho, do ensino e pregação da Palavra de Deus, permitindo-nos
expandir nossa influência para um número antes não possível, pela localidade
física de nossos templos. Agora, podemos estar em qualquer lugar e alcançar
qualquer pessoa que possuir um simples celular conectado. Estes são os
inusitados benefícios desta circunstância.
Negativamente considerado, mas positivo para o reino de
Deus, este período de quarentena está indicando um reajuste na ordem da vida da
igreja que beira a uma intervenção divina e somente vista nos tempos passados.
Me refiro principalmente ao que quero chamar aqui de “queda das estrelinhas”,
que se consideravam gente de Deus, comissionadas por Deus, mas que se
utilizavam da igreja de Jesus como fonte de renda e lucro.
Não cito nomes, pois não conheço pessoalmente quase a nenhum
desses aos quais me refiro, porém, é inevitável a conclusão de que, aqueles e
aquelas “estrelinhas” – porque não são estrelas coisa nenhuma, podendo ser até
mesmo estrelas errantes, como descreve Judas em sua carta – que usavam a igreja
e se projetavam sobre ela, nos ajuntamentos, nos shows, nos megacultos,
mostrando e filmando a reunião de milhares de pessoas e fás, perderam seu posto
de “ícones” e agora veremos como vão se sustentar, sem serem de fato membros de
igrejas locais e sem “trabalho”.
Igualmente, aqueles e aquelas que detinham influência sobre
multidões de fiéis nos templos lotados, sem terem contato direto com o seu
povo, sem darem suporte pastoral e sem permitirem a aproximação das pessoas,
mas retirando deles dinheiro, construindo riquezas pessoais e controlando seus
destinos sem o temor a Deus, agora, dependem de que suas “ovelhas” façam
depósitos ou transferências bancárias sem receberem as “bênçãos” liberadas
fisicamente nos templos. Este é mais um grande teste e reajuste de caminho para
a igreja.
É igualmente claro que, independentemente do tempo que leve,
o período de quarentena será curto e não tão prolongado como muitos esperam,
por uma série de fatores que fazem de nosso país uma nação diferente das
demais, em clima, em imunidade, em solidariedade e em ações rápidas que nosso
povo está acostumado a seguir, porém, é interessante notar o movimento de
correção que Deus pode estar fazendo nestes dias.
Por fim, falando escatologicamente, a igreja brasileira e do
Ocidente sairá deste tempo com ferramentas e capacidades espetaculares para se
manter viva e unida, mesmo se passar por tempos de perseguição, de tribulação,
de cerceamento das liberdades, de proibições de culto e de governos
autocráticos ou ditatoriais, por causa da experiência que adquirirá na
quarentena. Este é um maravilhoso experimento social, só igualado ao
cristianismo primitivo debaixo da perseguição romana e dos dias atuais em
países comunistas/socialistas ou islâmicos extremistas. A igreja de Cristo está
sendo treinada e depurada.
Graça e paz de Deus e de Cristo a todos e todas que
pertencem a Ele.
Soli Deo gloria.
Carlos Carvalho
29 de março de 2020.
Nenhum comentário:
Postar um comentário