ESPÍRITO DE GAFANHOTO

 

 

Desde os meus dez anos de idade sou fascinado pela Entomologia, que é a parte da Biologia que se dedica ao estudo dos insetos. Em 95% das casas que morei até hoje, possuímos uma edícula ou quarto para colocar utensílios, bugigangas e ferramentas, e, em minha infância, também usava para guardar as minhas “experiências” com insetos, sempre com os sustos e as reclamações de minha mãe.

 

Os gafanhotos – refiro-me àqueles que consomem as plantações – são seres no mínimo interessantes. Eles não consomem a plantação inteira por prazer, mas para se alimentar, em outras palavras, esses insetos não fazem o que fazem por uma programação interna de destruição das coisas, mas pelo fato de que precisam comer para não morrer de fome. Sua índole é motivada pela necessidade de seu metabolismo e não por desejo de destruir.

 

No entanto, eles consomem todo o alimento que seria produzido antes mesmo da colheita estar em fase final e, às vezes, antes do amadurecimento das plantações. Como são diferentes de outras colônias de insetos, os gafanhotos não buscam, guardam ou transformam os alimentos, e, como não podem esperar pela estação certa para se alimentar com as reservas, como as formigas e abelhas, vão para a próxima plantação para a consumir sem qualquer problema.

 

Algumas pessoas são exatamente assim, por isso chamo de “espírito de gafanhoto”. Elas não são consumistas, não “torram” dinheiro com ostentação e coisas parecidas, mas, conscientes disso ou não, consomem todos os recursos da família ou delas, sem pensar duas vezes e sem qualquer planejamento. Elas não guardam, não pensam em reservas para o amanhã, tampouco imaginam que os recursos vão se exaurir, vão acabar. Como os gafanhotos acima, destroem seus recursos, e os de seus amados, sem nenhum tipo de culpa, nem sequer remorso. Você conhece alguém nesta condição?

 

"O que o gafanhoto cortador deixou, o gafanhoto migrador comeu; o que o migrador deixou, o gafanhoto devorador comeu; o que o devorador deixou, o gafanhoto destruidor comeu." (Joel 1:4)

 

Carlos Carvalho, Prof., Bp.

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