terça-feira, 9 de setembro de 2025



A VERDADE SOBRE A DEMÊNCIA DIGITAL PRECOCE

O que é (e de onde veio a expressão)

 

A expressão “digital dementia” / “demência digital” foi popularizada pelo neurocientista alemão Manfred Spitzer no livro ‘Digital Dementia’ (c.2012). Spitzer alertou que o uso excessivo de dispositivos digitais (especialmente em crianças/adolescentes) poderia levar à deterioração de certas capacidades cognitivas — memória, atenção e orientação espacial — por “desuso” ou por efeitos indiretos (sono, sedentarismo, déficit de estímulo social). ([PMC][1], [Amazon Brasil][2])

 

O que a ciência diz hoje (estado das evidências)

 

Não é um diagnóstico médico formal. “Demência digital” é mais um rótulo populacional/hipotético do que uma entidade clínica reconhecida (por exemplo, não faz parte de critérios diagnósticos de demência). Muitos autores usam o termo para chamar atenção para riscos ligados ao uso excessivo de telas. ([Psychology Today][3])

 

Evidências mistas / controversas. Estudos e revisões mostram efeitos negativos plausíveis do uso excessivo de telas sobre atenção, sono, regulação emocional e aprendizagem — especialmente em crianças e adolescentes — e associações com dependência de internet, ansiedade e depressão. Porém, várias revisões críticas apontam falta de provas sólidas de que o uso de tecnologia cause mudanças cerebrais patológicas equivalentes às das demências clássicas. Há também estudos que não encontram relação causal ou que até sugerem efeito protetor de uso moderado (especialmente em adultos mais velhos que se mantêm mentalmente ativos ao usar a internet). ([National Geographic][4], [Pepsic][5], [UNSW Sites][6])

 

Pesquisas recentes (exemplo 2025): um estudo publicado em abril de 2025 (Nature Human Behaviour / divulgado por universidades como UNSW) **não encontrou evidências** de que o uso de computadores, smartphones e internet causem “digital dementia” em pessoas com mais de 50 anos — e, surpreendentemente, encontrou associação entre uso e menor declínio cognitivo em alguns grupos. Isso mostra que a relação é complexa e provavelmente depende de idade, tipo de uso (criar/ler vs. rolar passivamente) e *contexto social/educacional. ([UNSW Sites][6], [news.web.baylor.edu][7])

 

 

Para quem preocupa mais (grupos de risco apontados)

 

Crianças e adolescentes: períodos críticos de desenvolvimento tornam-nos mais sensíveis; muitos estudos e revisões advertem sobre excesso de telas nessa faixa.

 

Pessoas com uso muito excessivo e multitarefa crônica: tendência a pior sono, ansiedade e desempenho cognitivo.

 

Idosos: evidência mista — uso ativo/estimulação digital pode proteger; uso passivo/isolado pode não ajudar. ([Faculdade de Medicina UFMG][8], [PMC][1])

 

Recomendações práticas que aparecem nas fontes (baseadas em evidências e consenso)

 

1. Limitar tempo de tela em crianças e favorecer atividades de leitura, brincadeiras físicas e interação cara a cara. ([National Geographic][4])

 

2. Higiene do sono: evitar telas pelo menos 1 hora antes de dormir; desligar notificações à noite. ([National Geographic][4])

 

3. Uso ativo vs. passivo: prefira usos que exigem pensamento/creatividade (ler, escrever, programar) em vez de apenas rolar feeds. (estudos associam atividades cognitivamente exigentes a menor risco de declínio).

([centerforneurologyandspine.com][9])

 

4. Pausas, exercício e socialização: atividades físicas, sono adequado e relacionamentos fortalecem a cognição. ([Unisalesiano][10])

 

5. Avaliação clínica se houver declínio real: dificuldades persistentes de memória/atenção devem ser avaliadas por neurologista/psicólogo; não assumir que tudo é “demência digital”. ([PubMed][11])

 

 Notas bibliográficas:

 

[1]: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11499077/?utm_source=chatgpt.com "Understanding Digital Dementia and Cognitive Impact in ..."

[2]: https://www.amazon.com.br/DEMENCIA-DIGITAL-Dr-Manfred-Spitzer/dp/6073166168?utm_source=chatgpt.com "DEMENCIA DIGITAL"

[3]: https://www.psychologytoday.com/us/blog/mind-change/201507/digital-dementia?utm_source=chatgpt.com "Digital Dementia"

[4]: https://www.nationalgeographicbrasil.com/ciencia/2023/02/como-o-uso-excessivo-das-telas-afeta-o-cerebro?utm_source=chatgpt.com "Como o uso excessivo das telas afeta o cérebro - National Geographic"

[5]: https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1415-711X2023000200003&script=sci_arttext&utm_source=chatgpt.com "Revisão narrativa dos estudos de metanálise sobre a dependência ..."

[6]: https://www.unsw.edu.au/newsroom/news/2025/04/new-study-finds-no-evidence-technology-causes-digital-dementia-older-people?utm_source=chatgpt.com "New study finds no evidence technology causes 'digital ..."

[7]: https://news.web.baylor.edu/news/story/2025/digital-dementia-does-technology-use-digital-pioneers-correlate-cognitive-decline?utm_source=chatgpt.com "Digital Dementia: Does Technology Use by ' ..."

[8]: https://www.medicina.ufmg.br/uso-excessivo-de-telas-esta-associado-a-saude-mental-de-diferentes-geracoes/?utm_source=chatgpt.com "Uso excessivo de telas está associado à saúde mental de diferentes ..."

[9]: https://www.centerforneurologyandspine.com/post/can-digital-technology-help-detect-dementia-early-new-research-offers-hope?utm_source=chatgpt.com "Can Digital Technology Help Detect Dementia Early? New ..."

[10]: https://unisalesiano.com.br/aracatuba/wp-content/uploads/2022/01/Artigo-Dependencia-de-tela-A-patologia-do-seculo-XXI-uma-revisao-narrativa-Pronto.pdf?utm_source=chatgpt.com "[PDF] Dependência de tela - A patologia do século XXI: uma revisão ..."

[11]: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36533158/?utm_source=chatgpt.com "Diagnosis of frontotemporal dementia: recommendations ... - PubMed"

[12]: https://abciber.org.br/publicacoes/livro3/textos/dependencia_digital__processos_cognitivos_e_diagnostico_jefferson_cabral_azevedo.pdf?utm_source=chatgpt.com "[PDF] Dependência digital: processos cognitivos e diagnóstico - ABCiber"

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