E todo o Israel
foi contado por genealogias, que estão escritas no livro dos reis de Israel; e
os de Judá foram transportados a Babilônia, por causa da sua transgressão.
1
Crônicas 9.1
Sempre que
tratamos dos assuntos de nossos dias, eventualmente nos referimos à violência
exacerbada, à corrupção generalizada e às relações fragmentadas entre as
pessoas. Estas três coisas se constituem, em nossa ótica quase distorcida, as
fontes dos mais diversos problemas em nossa sociedade hoje.
Isto é fácil
de se fazer pelo simples fato de que esses fenômenos se repetem à exaustão
todos os dias, na vida real, nos canais de notícias e nas redes sociais. É
perfeitamente compreensível que, alguém que continuamente vê tudo isso,
imediatamente faça seus juízos de valor apontando estas causas como sendo as
principais.
Todavia, o
texto acima, retirado das Escrituras Sagradas, nos indica que as evidências que
apontamos não de todo corretas. O que observamos diariamente não são as causas
dos problemas, mas as consequências de uma fonte, e, portanto, de uma
evidência, que está oculta em qualquer pesquisa acadêmica. Isso é assim, porque
essa mesma evidência se desenrola no campo subjetivo mais precisamente.
Quando a nação
descrita no texto foi levada ao cativeiro sob o império babilônico – e não
precisamos produzir nenhuma “prova” para este fato, pois é histórico e concreto
– as pessoas da época poderiam tecer as mais diversas teses e teorias sobre o
porquê de ter acontecido com elas a destruição de sua terra e sua remoção de
seus lares. Porém, ainda assim, qualquer que fosse o tema apresentado, ele não
se sustentaria ao final, pois o motivo do acontecimento estava em outra esfera.
Por anos,
profetas e líderes daquela nação proclamavam constantemente que ela havia se
desviado de seu propósito original, de suas raízes espirituais, que muitos de
seus governadores tinham deixado a Lei e os estatutos que lhes serviam de
regras sociais, penais e civis e, de quebra, haviam deixado o monoteísmo crido
pelos seus antepassados. Tudo isso somado à própria decisão pessoal de milhares
de cidadãos em viverem uma vida desregrada e vil.
O resultado
foi o desterro e o cativeiro. Não que estas ações tivessem sido orquestradas
por Deus, como se Ele fosse o causador disso, mas eram as consequências mais
comuns em uma época como aquela. Porém, a nação e o povo foram quase
ininterruptamente avisados de que essas coisas poderiam acontecer. Suas
decisões por transgredir, por não obedecer às regras e as leis, por abandonar a
justiça, por escolher a violência, por criar o caos social, por abandonar o
monoteísmo e abraçar o politeísmo, iriam fatalmente leva-los ao ponto de
ruptura que foi gerado por suas escolhas e ações.
O real problema era a transgressão.
E suas definições são simples: Desobediência, ir além dos termos ou limites,
atravessar uma linha delimitada, não observar ou não respeitar as leis ou
regulamentos, e infringir as normas. Isto é transgressão, simples assim. Quando
transgredimos quebramos a ordem normal das coisas ou os limites que
anteriormente nos trariam segurança. Transgredir é abandonar a segurança
espiritual e social em nome de uma libertinagem e rebeldia pessoal travestidas
de liberdade livre arbítrio.
Aqui está o
ponto nevrálgico que não aparece nas pesquisas acadêmicas de campo. Aqui está a
raiz daninha da vida em sociedade. Aqui está a matriz da destruição da ordem
pública e criadora do caos que vivemos em nossos dias. Esta é evidência interna
não pode ser mensurada e catalogada em dados: a transgressão.
Só existem
duas maneiras de lidar com ela e solucioná-la, e não são coisas fáceis de
fazer, pelo mesmo motivo que esta constitui-se evidência interna: porque as
soluções partem de uma desconstrução e nova construção interior, ou seja, é
preciso demolir os costumes e comportamentos aprendidos e reproduzidos pelas
pessoas, ao passo que imediatamente se constrói um novo caráter e novo modelo
de comportamento, por uma espécie de reprogramação mental. E também é
necessário que concomitantemente a isso se produza uma conversão mental, nos
moldes da conversão cristã, chamada de metanóia.
Sobre isso falaremos em uma outra oportunidade, todavia, o que permanece são os
fatos apresentados até aqui.
Carlos Carvalho
2 de junho de 2017.
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