quinta-feira, 23 de setembro de 2021

PANDEMIAS, EPIDEMIAS E DIREITOS HUMANOS

 


 Uma consulta coerente às informações que dispomos hoje vai nos assegurar que, na história humana, pandemias desaparecem e jamais retornam e epidemias ou surtos resistem um pouco mais, porém, sempre são mitigadas ou controladas plenamente.[1] Essas informações são fatos inquestionáveis e registrados adequadamente até os nossos dias.

 

A despeito da falta de conhecimento científico de ponta do passado e das decisões corretas ou equivocadas das lideranças das épocas nas quais os surtos e as pandemias ocorreram – isso é aceitável por diversos aspectos – e a despeito das perdas das vidas aos milhões, em percentuais elevados, haja vista a população global ser bem menor que a atual, torna-se igualmente um fato compreensível diante de todas as demandas e deficiências que possuíam no momento histórico que viviam.

 

Uma verdade se sobressai aqui: uma pandemia real, em nível global, mesmo com toda a tecnologia avançada de qualquer tempo, sempre será mortal, avassaladora, incógnita, assustadora e incontrolável em seu início de expansão e infecção. Não precisa ser nenhum cientista ou epidemiologista para descobrir esse fato. No entanto, ao passar dos dias e dos meses, ela será devidamente combatida, esmiuçada, compreendida, controlada e eliminada. Como seres humanos sempre faremos isso.

 

Humanamente e sentimentalmente me expressando, como cientista social e líder religioso, compreendo plenamente a dor da perda – tenho as minhas próprias – do luto, da busca pelas razões e “culpados” pelo ocorrido e, possivelmente, o anseio de justiça quando provado erros de condução médica ou de alguma política pública malfadada. Isso também é inquestionável do ponto de vista do foro íntimo.

 

Agora, os direitos humanos, que não foram mera invenção de uma mente sem nexo ou razão, desde o seu nascimento, seja em 1789[2] ou em 1948[3], tinham em seu nascedouro a ideia máxima da liberdade da pessoa humana e de seus direitos invioláveis. Eu sou apaixonado pela DUDH de 1948, permita-me por favor reproduzir o parágrafo final de seu preâmbulo:

 

“Agora, portanto, a Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre em mente esta Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Países-Membros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.”

 

É linda, não é? Perfeita! Por um momento sonhe como eu em unirmos numa possível utopia três grandes documentos históricos universais: a Declaração Universal dos Direitos Humanos, os 11 Mandamentos[4] e o Sermão da Montanha[5]. Nada mais seria necessário para criarmos um mundo maravilhoso, respeitoso, harmonioso, solidário, próspero, com menos desigualdades, livre, seguro e santificado. Esses três bastariam.

 

Por causa destes gigantescos documentos históricos, em grande parte fomentadores de Cartas Magnas de nações importantes do planeta como a nossa, é que não coadunamos, concordamos, aceitamos ou toleramos quaisquer medidas – ilusória ou insandecidamente justificadas por parte de quaisquer autoridades – que tolham, relativizem, diminuam ou parcializem os direitos invioláveis de qualquer pessoa humana.

 

Ao fazermos isso, não estamos “escolhendo lados”, ideologizando questões, partidarizando temas humanitários ou da humanidade, não fazemos política suja, falsa, imoral e sem ética. Estamos sim, nos posicionando na montanha, cujo núcleo e base são formados pela vida, pela dignidade, pelo respeito humano, pela liberdade, pela paz, pelo bom governo e pela prosperidade de todos, mesmo que precisemos estar prontos para combater os tiranos, os déspotas, os totalitários, as leis injustas, os mentirosos, os profanos, os maus e os falsos profetas de cada geração.

 

Carlos Carvalho

Teólogo e Cientista Social.

Primavera de 2021.

 

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[1] Brief History of Pandemics (Pandemics Throughout History) disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7123574/

[2] A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão francesa.

[3] A Declaração Universal dos Direitos Humanos – ONU.

[4] Os 10 da Torá judaica mais 1 de Jesus Cristo.

[5] Mateus 5, 6 e 7.

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