A despeito da falta de conhecimento científico de ponta do
passado e das decisões corretas ou equivocadas das lideranças das épocas nas quais
os surtos e as pandemias ocorreram – isso é aceitável por diversos aspectos – e
a despeito das perdas das vidas aos milhões, em percentuais elevados, haja
vista a população global ser bem menor que a atual, torna-se igualmente um fato
compreensível diante de todas as demandas e deficiências que possuíam no
momento histórico que viviam.
Uma verdade se sobressai aqui: uma pandemia real, em nível
global, mesmo com toda a tecnologia avançada de qualquer tempo, sempre será
mortal, avassaladora, incógnita, assustadora e incontrolável em seu início de
expansão e infecção. Não precisa ser nenhum cientista ou epidemiologista para
descobrir esse fato. No entanto, ao passar dos dias e dos meses, ela será
devidamente combatida, esmiuçada, compreendida, controlada e eliminada. Como
seres humanos sempre faremos isso.
Humanamente e sentimentalmente me expressando, como
cientista social e líder religioso, compreendo plenamente a dor da perda –
tenho as minhas próprias – do luto, da busca pelas razões e “culpados” pelo
ocorrido e, possivelmente, o anseio de justiça quando provado erros de condução
médica ou de alguma política pública malfadada. Isso também é inquestionável do
ponto de vista do foro íntimo.
Agora, os direitos humanos, que não foram mera invenção de
uma mente sem nexo ou razão, desde o seu nascimento, seja em 1789[2] ou em 1948[3], tinham em seu nascedouro
a ideia máxima da liberdade da pessoa humana e de seus direitos invioláveis. Eu
sou apaixonado pela DUDH de 1948, permita-me por favor reproduzir o parágrafo
final de seu preâmbulo:
“Agora, portanto, a
Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos
como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o
objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre em mente
esta Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da educação, por promover o
respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas
de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua
observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios
Países-Membros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.”
É linda, não é? Perfeita! Por um momento sonhe como eu em
unirmos numa possível utopia três grandes documentos históricos universais: a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, os 11 Mandamentos[4] e o Sermão da Montanha[5]. Nada mais seria
necessário para criarmos um mundo maravilhoso, respeitoso, harmonioso,
solidário, próspero, com menos desigualdades, livre, seguro e santificado.
Esses três bastariam.
Por causa destes gigantescos documentos históricos, em
grande parte fomentadores de Cartas Magnas de nações importantes do planeta
como a nossa, é que não coadunamos, concordamos, aceitamos ou toleramos quaisquer
medidas – ilusória ou insandecidamente justificadas por parte de quaisquer
autoridades – que tolham, relativizem, diminuam ou parcializem os direitos
invioláveis de qualquer pessoa humana.
Ao fazermos isso, não estamos “escolhendo lados”, ideologizando
questões, partidarizando temas humanitários ou da humanidade, não fazemos
política suja, falsa, imoral e sem ética. Estamos sim, nos posicionando na
montanha, cujo núcleo e base são formados pela vida, pela dignidade, pelo
respeito humano, pela liberdade, pela paz, pelo bom governo e pela prosperidade
de todos, mesmo que precisemos estar prontos para combater os tiranos, os
déspotas, os totalitários, as leis injustas, os mentirosos, os profanos, os
maus e os falsos profetas de cada geração.
Carlos Carvalho
Teólogo e Cientista Social.
Primavera de 2021.
#carloscarvalho #escoladegestaodavida #casadesabedoria
#institutovocacionados #autotransformação #humanitas #humanitasbrasil
#abanbrasil #escoladepolitica #ccarvalho #pandemias #utopia #direitoshumanos
[1]
Brief History of Pandemics (Pandemics Throughout History) disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7123574/
[2] A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão francesa.
[3] A Declaração Universal dos Direitos Humanos – ONU.
[4]
Os 10 da Torá judaica mais 1 de Jesus Cristo.
[5] Mateus 5, 6 e 7.
Nenhum comentário:
Postar um comentário